Esta é a história de uma formosa moça chamada União,
que cresceu bela e segura enquanto lhe deram a mão.
Porém, seu fim revelar-se-ia trágico,
violentada e espancada num processo autofágico.
União, quem te desejou mal e porquê?
Quem terá sido o Paco Bandeira da tua jornada final?
Hoje é 1º de Maio e tu és um iogurte num Doce Pingo brutal,
um elefante numa caçada do Rei de Espanha,
um comentário acre do João Querido Manha.
Agora que o Sol se escondeu cobarde atrás das carregadas nuvens da memória,
quem outrora te viu altiva e cheia de esperança ficou para contar a história.
Pena é que não tenha sido tanta gente quanto isso,
no estádio só havia 2 gajos, uma esfregona e um macaco com bigode postiço.
Mas é para recordar os dias de glória que aqui estamos,
firmes e hirtos como o Reinaldo na pequena área.
E a sua falta de mobilidade? Que bela recordação!
Pelo menos tinhas o Dinda para te safar com o pé-canhão.
Ecoava seco o disparo do projéctil poderoso,
o castelo da Cidade do Lis olhava orgulhoso,
enquanto Fua sacava rolhas nos extremos do relvado,
e o Mário Artur tinha um olho para cada lado.
Sim Mário, não eras bonito!
...mas a União ainda tinha algum guito!
Pelo menos o suficiente para construir uma sociedade das Nações,
com Argentinos, Brazucas, Palancas e até Alemões.
Olhava-se em frente para o IV Reich,
ao leme o Führer Michael Kimmel.
O boche que jogou no Bidoeirense um dia,
e até escreveu artigos sobre homofobia!
Mas Leiria não era cidade para maricas,
que o diga Tahar, o Khalej.
Bravo guerreiro Mouro de barbaridade desnecessária,
que tingia relvados de escarlate de grande-a-grande área!
Escarlate era também a cor do teu cartão preferido,
Tahar de cimitarra na mão apanhado desprevenido.
Se tu espalhavas terror pelo nosso Portugal,
com Gervino todos os dias eram Carnaval.
Ar de mosqueteiro, galã infalível sem eira nem beira.
Engravidaste a União com o teu charme de escudeiro.
Acabaste a pontapear couro na U.D.Caranguejeira,
mas eras leiriense de corpo inteiro.
Porém, União...de corpo e alma só tinhas um filho,
nascido do teu ventre, líder aguerrido.
Bilro, grande capitão! Quantas saudades deixas!
Pelo Lis conduziste a Nau com impecáveis madeixas.
Reza a lenda por aqui e ali,
que em noites de nevoeiro e completo silêncio,
ainda se escuta o roufenho Vítor Manuel a clamar por ti:
"Ó Bilro! Bilro! Vira o jogo, caralho!"
..."dá cá a bola, que eu não falho."
Resposta pronta de Bertolazzi,
rápido no gatilho!
nem por isso certeiro no remate,
mas tinha uma namorada boa como o milho.
Quem gostava de milho era o Bambo,
que se comportava como uma galinha.
corria de um lado para o outro,
mas não fazia nada que jeito tinha.
Quem tinha jeito era o Poejo,
pelo menos era o que se dizia.
não ficou na memória pelo futebol jogado,
mas sim porque gajos chamados "Estalagem" não há em todo o lado.
Havia ainda a cremalheira do Hugo,
eterna esperança do nosso futebol,
e o estóico keeper Miroslav Zidnjak,
que tantas vezes nos fez soltar um "LOL".
Mas se falamos de esperanças cristalizadas no tempo,
temos no veloz Porfírio um grande exemplo.
Em '96 defendeste a honra das Quinas no Europeu.
e sempre foste o leiriense que mais prometeu.
De promessas porém,
está o inferno cheio, se bem me lembro.
Tamanho foi o desperdício de talento,
que andaste pelo 1º de Dezembro.
Quem nasceu em Dezembro foi o bravo Ayew,
grande amigo do Maxwell Konadu,
a quem convenceu a cortar as rastas,
para melhor agradar a Jesú.
Agora Kwame falha golos na baliza do Senhor,
e corre desenfreadamente para a linha do Juízo Final,
tudo porque um dia terá decepado as icónicas rastas,
para afastar os espíritos do Mal.
Quem não queria nada com Deus era Quinzinho,
segunda reencarnação de Bambo.
Trôpego e pouco eficaz,
muitos anos a virar frango.
De frangos percebia o Ádamo.
Ádamo ou então Adamô, visto que o homem era francês.
Personagem secundária, é verdade,
mas sempre o achei cómico, façam-me a vontade.
Mais tarde chegaram Duah e Paulo Vida,
que fizeram disparar o coração da União querida.
Dois impecáveis e codiciosos cruzados,
goleadores de créditos firmados.
Leiria era já uma colónia ganesa.
Duah, Edusei, Ahinful e quejandos,
eram entrada, prato principal e sobremesa!
Mas o melhor fica sempre para o fim,
e depois de uma opípara refeição,
nada melhor que um digestivo para nos aquecer o coração:
Nii Lamptey, estrela internacional!
O Pelé ganês, o fenómeno que sairia no jornal!
Luzes, câmara, acção!
...parece que a película queimou, mas fica a intenção.
Petar Krpan, Nosferatu dos balcãs! Goleador de papel!
Em 72 jogos pela União, por 10 vezes molhaste o pincel.
Apesar de precisares de 650 minutos para marcar um golo,
és recordado com nostalgia por pareceres um ovo cozido com pés de tijolo.
Ano da Graça de 2001, arriva Baltemar Brito e seu treinador principal,
e com eles nasce no esqueleto leiriense uma espinha dorsal.
Futuro Campeão Nacional, Europeu e Mundial!
Hossanas a Derlei, Nuno Valente, Maciel e ao resto do pessoal!
Porém tudo o que é bom acaba depressa,
Baltemar cedo parte para Norte, levando consigo seu treinador principal, homessa...
Doce recompensa, União! Deixaram-nos o Aguiar!
Arma de destruição maciça, com ele podemos conquistar o planeta.
Tíbia, perónio, fémur? Não há barreiras que detenham o tanque!
No 11 adversário não há quem não manque!
União, moça orgulhosa, de queixo levantado!
Ao som do violão de Hélton dança Douala,
Edson chuta de longe e Hugo Almeida cabeceia ao lado,
João Paulo distribui porrada, pois Aguiar já não mora cá.
Otacílio quer a Taça dos Nomes Invulgares,
mas nem lhe chega a pôr a mão - esta é de Torrão.
Geufer berra ao longe: "Pô, também quero ser campeão!"
Fábio Felício sorri de soslaio e cospe para o chão.
Não desmoralizes, União! Ele dribla em círculos, tropeça sobre a bola...
Eis que chega Ivanildo, o esquerdino genial!
...que não vê a desmarcação de Slusarski,
mas tem um ar simpático, ninguém lhe leva a mal.
Lembram-se do Gana e seus boys?
Pois é a vez do Burkina Faso trazer os seus toys.
Ele é Tall, é Mamadou,
veio igualmente um Saïdou.
O Saïdou quantas sílabas tinha?
Eu conto seis, e sei ao que vinha.
Seu nome era Panandétiguiri e sete consoantes ao vento soprava.
Vogais eram sete também, número perfeito jurava.
Por esta altura era de magia que viviam os 4 adeptos da União,
Pois lá na frente pontificavam Cássio e Carlão,
com o Cowboy zambiano Rainford Kalaba,
apontando com mestria de pistola na mão.
Reserva-se um verso para um sucedâneo,
material contrafeito de feira alguma,
Zahovaiko queria ser Zlatko mas nem sequer era conterrâneo,
tal como Pluma nunca será Puma.
Keita, esse, foge com 6,000 batatas numa mala,
qual concurso do António Sala,
ah,espera! Afinal já não gamou nada,
a personagem nem sequer tinha vindo equipada!
Sem bolsos nas calças,
sem carteira no bolso que afinal não tinha.
Mas então em que é que ficamos?
Só sei que em '99 jogou cá o Pinha.
Batendo recordes jogando só com oito,
levando quatro secos do Feirense sem molhar o biscoito,
Com menos três jogadores em campo também se faz magia,
mais vale só, do que com má companhia.
Assim se fecha o livro desta estimada donzela,
União, foste açúcar em pó e foste canela.
Já não há graveto para sobremesa,
Até sempre, que a SAD está tesa.
2 comentários:
Fantástico! O post e a tese do Kimmel!
brilhantismo!
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